DEAF SENTENCE, de David Lodge
Muito interessante e bem escrito. Actual. Um dos meus autores preferidos.
Transcrevo uma pequena passagem:
"To me the honour is sufficient of belonging to the universe -such a great universe, and so great a scheme of things. Not even Death can rob me of that honour. For nothing can alter the fact that I have lived; I have been I, if for ever so short a time. And when I am dead, the matter with composes my body is indestructible - and eternal, so that come what may to my "Soul", my dust will always be going on, each separate atom of me playing its separate part - I shall still have some sort of finger in the pie. When I am dead, you can boil me, burn me, drown me, scatter me - but you cannot destroy me: my little atoms would merely deride such heavy vengeance. Death can do no more than kill you."
Tambem não percam "Small World" do mesmo autor, um dos meus livros favoritos
Monday, May 25, 2009
Tuesday, April 28, 2009
Já não há ideais!
Emociono-me até às lágrimas com as imagens gravadas da revolução do 25 de Abril e Período Revolucionário que se lhe seguiu. E as canções do Zeca Afonso e outras de intervenção são de uma candura que enternece. É que não consigo deixar de comparar os idealismos que vivi nessa época com o, pior que conservadorismo, o boiismo ou ovelhismo actual. Nessa altura fizemos asneiras é certo: RGA (para os mais novos a informação: Reuniões Gerais de Alunos) onde saneávamos professores, decidíamos de manifestações e apoios ao proletariado, fizeram-se as nacionalizações, a reforma agrária, acabou-se com uma guerra e (PASME-SE) iniciou-se o Serviço Médico à Periferia onde os colegas foram generosamente levar o Saber Médico a povoações que apenas tinham acesso aos curandeiros, endireitas e Mulheres Habilidosas (sobretudo nos partos). Surgiu posteriormente o SNS nascido num idealismo desenfreado baseado nos sentimentos de igualdade, fraternidade e acesso à “Paz, pão, habitação, saúde, educação”.
Actualmente não somos os mesmos médicos: desertamos dos ideais da Medicina como Arte de aliviar o Sofrimento. Cumprimos o ponto (ou antes o dedómetro: as Comissões de Higiene que nos obrigam a responder on-line se lavamos as mão; não acham que provavelmente iremos contaminar-nos no dito sítio onde centenas põem um dedo?), fazemos as consultas seguindo o que gestores decidiram com régua e esquadro serem os seus tempos : primeiras x minutos e segundas y (claro que estamos a falar de médias mas não se esqueça Srº Drº que existem inquéritos aos doentes perguntando do exagero do tempo de espera para a consulta: forma de pressão ou não?), decidem também com rigor da existência dos tempos de pausa (não se queixe Sr Drº Ovelhinha pois até tem a benesse de 15 minutos entre as 10.30 e as 10.45; não pode ser noutra altura? Não Srº pois agora já não existem os períodos manhã e tarde mas sim 5 períodos: 2 de manhã e 3 de tarde e a pausa está para separá-los. Existe alguma razão válida e no interesse do doente perguntará a ovelha negra, como negra que é faz jus á sua cor (negro é a cor do Anarquismo não se esqueçam). Trata-se da necessidade da uniformização claro está, não percebeu? Ah! Deve trazer um grande contributo à qualidade do Atendimento Médico e da Humanização palavras que actualmente substituíram os ideais de outrora.
Pois e assim vamos seguindo cansados, e é um ver se te avias de pedidos de Licença sem Vencimento e Reformas Antecipadas. Que é feito dos antigos Directores que só abandonavam o barco quando obrigados pela idade, mentores e mestres dos mais novos em Dignidade, Amor à Arte e muito interessante ao SEU SERVIÇO? Que é feito do médico que tira tempo para se sentar com o seu doente e simplesmente estar um pouco ao seu lado? Que é feito do médico que na hora de Serviço lia alguns artigos, dava o exemplo e tirava tempo para ensinar os mais novos?
Já não há ideais! Mas o mais triste é que JÁ NÂO HÁ MESTRES!
Actualmente não somos os mesmos médicos: desertamos dos ideais da Medicina como Arte de aliviar o Sofrimento. Cumprimos o ponto (ou antes o dedómetro: as Comissões de Higiene que nos obrigam a responder on-line se lavamos as mão; não acham que provavelmente iremos contaminar-nos no dito sítio onde centenas põem um dedo?), fazemos as consultas seguindo o que gestores decidiram com régua e esquadro serem os seus tempos : primeiras x minutos e segundas y (claro que estamos a falar de médias mas não se esqueça Srº Drº que existem inquéritos aos doentes perguntando do exagero do tempo de espera para a consulta: forma de pressão ou não?), decidem também com rigor da existência dos tempos de pausa (não se queixe Sr Drº Ovelhinha pois até tem a benesse de 15 minutos entre as 10.30 e as 10.45; não pode ser noutra altura? Não Srº pois agora já não existem os períodos manhã e tarde mas sim 5 períodos: 2 de manhã e 3 de tarde e a pausa está para separá-los. Existe alguma razão válida e no interesse do doente perguntará a ovelha negra, como negra que é faz jus á sua cor (negro é a cor do Anarquismo não se esqueçam). Trata-se da necessidade da uniformização claro está, não percebeu? Ah! Deve trazer um grande contributo à qualidade do Atendimento Médico e da Humanização palavras que actualmente substituíram os ideais de outrora.
Pois e assim vamos seguindo cansados, e é um ver se te avias de pedidos de Licença sem Vencimento e Reformas Antecipadas. Que é feito dos antigos Directores que só abandonavam o barco quando obrigados pela idade, mentores e mestres dos mais novos em Dignidade, Amor à Arte e muito interessante ao SEU SERVIÇO? Que é feito do médico que tira tempo para se sentar com o seu doente e simplesmente estar um pouco ao seu lado? Que é feito do médico que na hora de Serviço lia alguns artigos, dava o exemplo e tirava tempo para ensinar os mais novos?
Já não há ideais! Mas o mais triste é que JÁ NÂO HÁ MESTRES!
Sunday, April 26, 2009
Saturday, April 18, 2009
Sunday, March 15, 2009
Livro do mês:
Hoje li de uma assentada o livro: "Anti-cancro. Um novo estilo de vida" de David Servan-Schreiber, autor de um livro tambem muito interessante chamado "Curar". O autor é um conceituado psiquiatra e um dos fundadores do Centro de Medicina Complementar da Universidade de Pittsburgh. Recomendo o livro a todos, quer tenham cancro ou não, pois é muito enriquecedor. Aborda os aspectos preventivos e augmentativos da cura, e no fundo ajuda-nos a todos a procurar uma vida mas saudável e ao mesmo tempo mais alegre e enriquecedora.
Boa leitura
Boa leitura
Wednesday, March 11, 2009
Uma manhã de férias...
Hoje tirei o dia para férias e resolvi de manhã dar a minha caminhada. Sinto sempre um incómodo quando ando na cidade em horários em que habitualmente estou a trabalhar pois apesar de legalmente estar correcto sempre me acompanha a sensação de ilegalidade, de efectuar algo interdito! E ao cruzar-me com as outras pessoas pergunto-me muitas vezes, com alguma inveja, porque raio não estão a trabalhar como seria suposto a uma 4ª feira de manhã. Assim cruzo-me com donas de casa que vão e vêm das compras, com supostos desempregados nos cafés e a fumar os seus cigarros (mais uma despesa fútil e com custos para a sociedade), enfim para cada um invento uma história. É mais forte do que eu... Dou por mim a detestar o conceito de dona de casa (algo que eu gostaria de ser é certo e aproveitaria para me dedicar á leitura e jardinagem), têm a ilusão que trabalham e muito se queixam mas a realidade é que têm todos os dias para fazer o que as restantes mulheres trabalhadoras fazem para além dos seus horários de 35, 42 e por vezes 60 h semanais nos seus empregos.
Apesar deste dia de férias estou azeda como se vê: é que tenho de ir ao meu local de trabalho por 2 horas e tenho uma comunicação para apresentar amanhã pelo que tenho estudo pela frente! E estou eu de férias!!!!
Quem me dera ser dona de casa...
Apesar deste dia de férias estou azeda como se vê: é que tenho de ir ao meu local de trabalho por 2 horas e tenho uma comunicação para apresentar amanhã pelo que tenho estudo pela frente! E estou eu de férias!!!!
Quem me dera ser dona de casa...
Sunday, March 1, 2009
Livro do mês:
Recomendo um livro que se lê em 2 a 3 horas, mas de uma imaginação interessante tocando a ficção e a filosofia, e em que se aborda a questão do destino, livre arbítrio e o conceito de segunda oportunidade na vida...
Trata-se do livro "A casa do esquecimento" de Fernando Dinis.
Boa leitura
Trata-se do livro "A casa do esquecimento" de Fernando Dinis.
Boa leitura
Sunday, February 22, 2009
Despudor...
Privacidade precisa-se!
Vivemos numa sociedade sem privacidade. E não estou a falar só dos programas de televisão tipo "big brother" ou agora a versão recente "Verdade ou mentira" (não sei o nome dos programas mas refiro-me aos ditos em que despuderadamente alguém responde na TV sobre a sua vida privada pondo a nu a sua vida profissional, pessoal, familiar, sexual, respondendo sobre o que fez, o que pensou, o que desejou, ...). Falo tambem do nosso dia-a-dia: a google-earth entra-nos nos jardins e terraços, somos filmados nas vias públicas, nos parques de estacionamento, nos locais de trabalho, controlam-nos pelos dedómetros, cartões de crédito,... nos nossos locais de trabalho temos o dever de comunicar a uma Comissão de Risco se estivermos grávidas, para avançarmos no estudo e inserir-nos nas "Novas Oportunidades" temos de contar a "Nossa história de Vida", falamos em Congresso e querem filmar-nos, estamos a fazer tratamento e querem fotografar-nos, .... já não podemos parar. Temos realmente Um Glorioso Mundo NOvo" mas o mais estranho é que estamos contentes com o mesmo!
Fiquem bem e lembrem-se do poema de Fernando Pessoa:
" Cerca de grandes muros quem te sonhas..." Procurem-no pois não sei de cor o resto
Vivemos numa sociedade sem privacidade. E não estou a falar só dos programas de televisão tipo "big brother" ou agora a versão recente "Verdade ou mentira" (não sei o nome dos programas mas refiro-me aos ditos em que despuderadamente alguém responde na TV sobre a sua vida privada pondo a nu a sua vida profissional, pessoal, familiar, sexual, respondendo sobre o que fez, o que pensou, o que desejou, ...). Falo tambem do nosso dia-a-dia: a google-earth entra-nos nos jardins e terraços, somos filmados nas vias públicas, nos parques de estacionamento, nos locais de trabalho, controlam-nos pelos dedómetros, cartões de crédito,... nos nossos locais de trabalho temos o dever de comunicar a uma Comissão de Risco se estivermos grávidas, para avançarmos no estudo e inserir-nos nas "Novas Oportunidades" temos de contar a "Nossa história de Vida", falamos em Congresso e querem filmar-nos, estamos a fazer tratamento e querem fotografar-nos, .... já não podemos parar. Temos realmente Um Glorioso Mundo NOvo" mas o mais estranho é que estamos contentes com o mesmo!
Fiquem bem e lembrem-se do poema de Fernando Pessoa:
" Cerca de grandes muros quem te sonhas..." Procurem-no pois não sei de cor o resto
Sunday, February 8, 2009
Mensário...
Prometi a mim mesma escrever neste blog pelo menos 1 vez por mês. Assim não seria um diário mas um "mensário". O problema é que este mês passou mais uma vez a correr: trabalho entre as 8 h e as 20h, por vezes ainda trabalho de estudo para casa, ... o que sobra para vos (população em geral) dizer? Talvez algumas passagens recordadas.
- No entrudo pega tudo, ditado popular. Assim na volta da lua do Carnaval é altura de plantar para quem se dedicar às lides agricolas.
- Os telejornais têm aberto com as notícias do encerramento de empresas e a taxa de desemprego parece que está nos 10%.
- Apesar disso não vejo as pessoas muito apegadas ao trabalho. Pedem-se orçamentos e tardam as respostas, jovens pouco interessados na auto-valorização, ...
- Quanto à nossa saúde e vivência hospitalar, sentimos a vida como um equilíbrio: morre-se de Enfarte do miocárdio sendo a Medicina incapaz de reverter este flagelo, mas os milagres acontecem, mesmo quando os próprios deles não se apercebam e é ver as ressuscitações conseguidas, o reverter de endocardites, ....
Conclusão: este mês alguns de nós continuamos a viver!
Já me esquecia: Conprei uma consola Wii e tenho-me divertido ao final do dia efectuando pelo menos 30 minutos de exercício. Aconselho a todos e joguem com toda a família.
Um bom mês e como dizia alguém: "façam o favor de ser felizes!"
- No entrudo pega tudo, ditado popular. Assim na volta da lua do Carnaval é altura de plantar para quem se dedicar às lides agricolas.
- Os telejornais têm aberto com as notícias do encerramento de empresas e a taxa de desemprego parece que está nos 10%.
- Apesar disso não vejo as pessoas muito apegadas ao trabalho. Pedem-se orçamentos e tardam as respostas, jovens pouco interessados na auto-valorização, ...
- Quanto à nossa saúde e vivência hospitalar, sentimos a vida como um equilíbrio: morre-se de Enfarte do miocárdio sendo a Medicina incapaz de reverter este flagelo, mas os milagres acontecem, mesmo quando os próprios deles não se apercebam e é ver as ressuscitações conseguidas, o reverter de endocardites, ....
Conclusão: este mês alguns de nós continuamos a viver!
Já me esquecia: Conprei uma consola Wii e tenho-me divertido ao final do dia efectuando pelo menos 30 minutos de exercício. Aconselho a todos e joguem com toda a família.
Um bom mês e como dizia alguém: "façam o favor de ser felizes!"
Saturday, January 10, 2009
Friday, December 26, 2008
Reabilitação cardíaca
Se querem prevenir a doença cardiaca vão a http://reabilitacaocardiaca.com.sapo.pt/. Encontrarão alguns conselhos
Reflexões - livro do mês, ...a propósito do sentido da vida...
Este mês recomendo um livro de filosofia: "A Vida Eterna" de Fernando Savater. Reflecte sobre a r~eligião, a morte, a vida eterna. Para quem é ateu como eu sabe bem encontrar alguma comunhão e simbologia na vida.
Um pequeno excerto:
(...) o sentido nuclear do romance cervantino (a propósito do cléssico da literatura mundial Dom Quixote) encerra-se nalgumas poucas palavras que Sancho Pança pronuncia atormentado no final do mesmo, à beira do leito onde agoniza aquele que foi durante tanto tempo e com sorte tão adversa senhor do seu arbítrio: « Vossa mercê não vos deixeis morrer, senhor meu, mas segui antes o meu conselho e vivei por muitos anos; porque a maior loucura que um homem pode cometer nesta vida é deixar-se morrer, sem mais nem menos, sem que ninguém o mate nem outras mãos lhe ponham fim que não as da melancolia.» É este o código e a mensagem de todo o livro: o momento em que Sancho compreendeu finalmente a missão aparentemente absurda do cavaleiro andante, revelação que lhe chega precisamente quando Dom Quixote a abandona e se resigna a morrer. Sancho compreende que todo o empenho quixotesco consistiu numa prolongada batalha contra a necessidade mortal que angustia o homem: um não deixar-se morrer, um resistir à paralisia da rotina, do realismo que a pouco e pouco aniquila. Tanta aventura quixotesca era um capricho, mas um capricho indomável; pura demência, se é que admitimos que a sanidade reside em reconhecer e acatar a necessidade, mas uma demência salvadora da nossa humanidade, da nossa categoria de seres activos, simbólicos e portadores - pelo menos aos nossos olhos- de significado. Dom Quixote é o santo patrono e o mártir da invenção humana de propósitos para a vida.
Um pequeno excerto:
(...) o sentido nuclear do romance cervantino (a propósito do cléssico da literatura mundial Dom Quixote) encerra-se nalgumas poucas palavras que Sancho Pança pronuncia atormentado no final do mesmo, à beira do leito onde agoniza aquele que foi durante tanto tempo e com sorte tão adversa senhor do seu arbítrio: « Vossa mercê não vos deixeis morrer, senhor meu, mas segui antes o meu conselho e vivei por muitos anos; porque a maior loucura que um homem pode cometer nesta vida é deixar-se morrer, sem mais nem menos, sem que ninguém o mate nem outras mãos lhe ponham fim que não as da melancolia.» É este o código e a mensagem de todo o livro: o momento em que Sancho compreendeu finalmente a missão aparentemente absurda do cavaleiro andante, revelação que lhe chega precisamente quando Dom Quixote a abandona e se resigna a morrer. Sancho compreende que todo o empenho quixotesco consistiu numa prolongada batalha contra a necessidade mortal que angustia o homem: um não deixar-se morrer, um resistir à paralisia da rotina, do realismo que a pouco e pouco aniquila. Tanta aventura quixotesca era um capricho, mas um capricho indomável; pura demência, se é que admitimos que a sanidade reside em reconhecer e acatar a necessidade, mas uma demência salvadora da nossa humanidade, da nossa categoria de seres activos, simbólicos e portadores - pelo menos aos nossos olhos- de significado. Dom Quixote é o santo patrono e o mártir da invenção humana de propósitos para a vida.
Wednesday, December 24, 2008
Monday, December 22, 2008
Um bom Natal para todos
Não tenho tido tempo para escrever!
Desejo a todos um feliz Natal (mesmo se com nostalgia)
"(...) Cai neve na natureza
e cai no meu coração."
Desejo a todos um feliz Natal (mesmo se com nostalgia)
"(...) Cai neve na natureza
e cai no meu coração."
Saturday, November 15, 2008
A vida a correr ...
Escrever num blog é uma forma de relembrar os antigos diários, só que com um aspecto menos "secreto", mais partilhado e como não sabemos quem nos lê algo "estranho".
Tive uma semana "a correr", sem parar. Claro que o meu habitual é trabalhar entre as 08h e as 20h (com mais ou menos 1 hora) mas esta semana ainda dei por mim a trabalhar no computador até madrugada. De modo que PARAR e MEDITAR volta a ter um significado de quase sobrevivência.
Assim vou partilhar aqui alguns excertos de um livro de que gosto especialmente: Aonde quer que eu vá, de Jon Kabat-Zinn:
A meditação da montanha
No que diz respeito á meditação as montanhas têm muito a ensinar, pois possuem significado arquetípico em todas as culturas. As montanhas são lugares sagrados. As pessoas sempre procuraram orientação espiritual e renovação junto delas e no meio delas. (...) As montanhas são consideradas sagradas, personificando temor e harmonia, dureza e majestade. (...). Para os povos tradicionais as montanhas eram e ainda são mãe, pai, guardião, protector, aliado.
Na prática da meditação, pode ajudar, por vezes, "pedir emprestadas" estas qualidades maravilhosamente arquetípicas das montanhas (...)
Visualize a montanha mais bonita que conheça ou de que tenha ouvido falar ou consiga imaginar (...) repare na sua forma total, no pico sublime, na base enraizada na crusta terrestre, nas encostas íngremes ou suavemente ondulantes. Repare também como é maciça, imutável, como é bela, (...)
Talvez a sua montanha tenha neve no pico e árvores nas encostas mais baixas. Talvez tenha um pico proeminente, talvez uma série de picos ou um planalto. Apareça como aparecer sente-se e respire com a imagem dessa montanha, observando-a, reparando nas suas qualidades. Qundo se sentir preparado, veja se consegue trazer a montanha para o seu próprio corpo de forma a que estar aqui sentado e a montanha da visão interior se tornem um só. A sua cabeça transforma-se nopico sublime; os seus ombros e braços nos lados da montanha; as nádegas e as pernas na base sólida enraizada no tampo da cadeira. Sinta no seu corpo a sensação de elevação, a qualidade axial, profundamente erguida da montanha na sua própria espinha. Convide-se a si mesmo a tornar-se uma montanha respiratória,inabalável na sua quietude, completamente onde está-para lá das palavras e do pensamento, uma presença centrada, enraízada, inamovível.
Ora (...) ao longo do dia, á medida que o sol atravessa o céu, a montanha limita-se a estar assente. A luz, a sombra e as cores estão a mudar virtualmente momento a momento na quietude adamantina da montanha. (...) À medida que a luz muda, que a noite se segue ao dia e o dia á noite, a montanha está simplesmente assente, simplesmente a ser ela própria. Permanece quieta à medida que as estações se vão seguindo e o tempo muda momento a momento e dia-a-dia. Aguentando com calma todas as mudanças.
No Verão, não há neve na montanha, excepto talvez mesmo no cume ou em vertentes protegidas da luz do sol. No Outono a montanha pode ostentar uma camada de brilhantes cores de foga; no Inverno, um manto de neve e gelo. Em qualquer estação,poderá por vezes encontrar-se escondida em nuvens ou nevoeiro,ou fustigada por chuva gelada. (...) Às vezes açoitada por tempestades violentas, açoitada por neve, chuva e ventos de magnitude impensável; durante tudo isso, a montanha permanece. Vem a Primavera, as aves cantam nas árvores mais uma vez, as folhas voltam ás árvores que as tinham perdido, as flores rebentam nos pastos altos ou nas encostas, as correntes transbordam de água de neve derretida. Durante tudo isto, a montanha continua assente,imperturbada pelo tempo, pelo que acontece na superfície,pelas aparências do mundo.
Enquanto estamos sentados mantendo esta imagem na mente, podemos encarnar a mesma quietude imutável e enraizamento perante tudo o que muda nas nossas vidas durante segundos, horas e anos. (...)
Tive uma semana "a correr", sem parar. Claro que o meu habitual é trabalhar entre as 08h e as 20h (com mais ou menos 1 hora) mas esta semana ainda dei por mim a trabalhar no computador até madrugada. De modo que PARAR e MEDITAR volta a ter um significado de quase sobrevivência.
Assim vou partilhar aqui alguns excertos de um livro de que gosto especialmente: Aonde quer que eu vá, de Jon Kabat-Zinn:
A meditação da montanha
No que diz respeito á meditação as montanhas têm muito a ensinar, pois possuem significado arquetípico em todas as culturas. As montanhas são lugares sagrados. As pessoas sempre procuraram orientação espiritual e renovação junto delas e no meio delas. (...) As montanhas são consideradas sagradas, personificando temor e harmonia, dureza e majestade. (...). Para os povos tradicionais as montanhas eram e ainda são mãe, pai, guardião, protector, aliado.
Na prática da meditação, pode ajudar, por vezes, "pedir emprestadas" estas qualidades maravilhosamente arquetípicas das montanhas (...)
Visualize a montanha mais bonita que conheça ou de que tenha ouvido falar ou consiga imaginar (...) repare na sua forma total, no pico sublime, na base enraizada na crusta terrestre, nas encostas íngremes ou suavemente ondulantes. Repare também como é maciça, imutável, como é bela, (...)
Talvez a sua montanha tenha neve no pico e árvores nas encostas mais baixas. Talvez tenha um pico proeminente, talvez uma série de picos ou um planalto. Apareça como aparecer sente-se e respire com a imagem dessa montanha, observando-a, reparando nas suas qualidades. Qundo se sentir preparado, veja se consegue trazer a montanha para o seu próprio corpo de forma a que estar aqui sentado e a montanha da visão interior se tornem um só. A sua cabeça transforma-se nopico sublime; os seus ombros e braços nos lados da montanha; as nádegas e as pernas na base sólida enraizada no tampo da cadeira. Sinta no seu corpo a sensação de elevação, a qualidade axial, profundamente erguida da montanha na sua própria espinha. Convide-se a si mesmo a tornar-se uma montanha respiratória,inabalável na sua quietude, completamente onde está-para lá das palavras e do pensamento, uma presença centrada, enraízada, inamovível.
Ora (...) ao longo do dia, á medida que o sol atravessa o céu, a montanha limita-se a estar assente. A luz, a sombra e as cores estão a mudar virtualmente momento a momento na quietude adamantina da montanha. (...) À medida que a luz muda, que a noite se segue ao dia e o dia á noite, a montanha está simplesmente assente, simplesmente a ser ela própria. Permanece quieta à medida que as estações se vão seguindo e o tempo muda momento a momento e dia-a-dia. Aguentando com calma todas as mudanças.
No Verão, não há neve na montanha, excepto talvez mesmo no cume ou em vertentes protegidas da luz do sol. No Outono a montanha pode ostentar uma camada de brilhantes cores de foga; no Inverno, um manto de neve e gelo. Em qualquer estação,poderá por vezes encontrar-se escondida em nuvens ou nevoeiro,ou fustigada por chuva gelada. (...) Às vezes açoitada por tempestades violentas, açoitada por neve, chuva e ventos de magnitude impensável; durante tudo isso, a montanha permanece. Vem a Primavera, as aves cantam nas árvores mais uma vez, as folhas voltam ás árvores que as tinham perdido, as flores rebentam nos pastos altos ou nas encostas, as correntes transbordam de água de neve derretida. Durante tudo isto, a montanha continua assente,imperturbada pelo tempo, pelo que acontece na superfície,pelas aparências do mundo.
Enquanto estamos sentados mantendo esta imagem na mente, podemos encarnar a mesma quietude imutável e enraizamento perante tudo o que muda nas nossas vidas durante segundos, horas e anos. (...)
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