Thursday, December 15, 2011

Natal, ... em crise...

Pois vem aí novamente o Natal, e desta vez em tempo de recessão. O medo é global, o desemprego ameaça, a redução dos salários, o aumento do tempo de trabalho sem preço. E sobretudo a falta de equidade: os politicos, administradores e gestores mantém as benesses (é ver os seus carros pagos pelos nossos impostos), as gerações instaladas mantêm as reformas e salários (embora com reduções é certo mas pequenas) e as novas gerações que chegam ao trabalho apesar da sua formação superior são comparativamente mal pagas e com mais insegurança. Que acontecerá quando os pais destes jovens perderem o emprego? Será que termos um novo Maio de 68? Pode ser que sim, e não seria mau.
Mas tenho penas destes ministros que coitados querem andar de mota e lhes compram um carro de alta cilindrada!! São tão mentecaptos que não sabem que têm sempre alternativas: se é verdade que o negócio já estava feito e sem possibilidade de recuo, porque não põem os carros a leilão? Sempre não teriam de pagar a manutenção, o motorista, a gasolina e ao dinheiro distribuiam-no por quem precisa. E a bem dizer de leilões percebem eles pois é o que se preparam para fazer ao país com as privatizações, ou não?
E vendem esta ideia de que não existe alternativa! Não sabem eles da história que existem sempre alternativas e que o mundo é uma mudança.
Temos politicos incompetentes e realmente parece que a "burrice é uma ciência" e o seu grande paradigma é este: não existem alternativas.
Então BOM NATAL e UM ANO NOVO CHEIO DE ALTERNATIVAS

Sunday, December 11, 2011

Poema de Natal favorito

ERA UMA VEZ, LÁ NA JUDEIA, UM REI...


Era uma vez, lá na Judeia, um rei.
Feio bicho, de resto:
Uma cara de burro sem cabresto
E duas grandes tranças.
A gente olhava, reparava e via
Que naquela figura não havia
Olhos de quem gosta de crianças.

E, na verdade, assim acontecia.
Porque um dia,
O malvado,
Só por ter o poder de quem é rei
Por não ter coração,
Sem mais nem menos,
Mandou matar quantos eram pequenos
Nas cidades e aldeias da nação.

Mas, por acaso ou milagre, aconteceu
Que, num burrinho pela areia fora,
Fugiu
Daquelas mãos de sangue um pequenito
Que o vivo sol da vida acarinhou;
E bastou
Esse palmo de sonho
Para encher este mundo de alegria;
Para crescer, ser Deus;
E meter no inferno o tal das tranças,
Só porque ele não gostava de crianças.

(Miguel Torga)

poema favorito

O VAGABUNDO DO MAR


Sou barco de vela e remo
sou vagabundo do mar.
Não tenho escala marcada
nem hora para chegar:
é tudo conforme o vento,
tudo conforme a maré...
Muitas vezes acontece largar o rumo tomado
da praia para onde ia...
Foi o vento que virou?
foi o mar que enraiveceu
e não há porto de abrigo?
ou foi a minha vontade
de vagabundo do mar?
Sei lá.
Fosse o que fosse
não tenho rota marcada
ando ao sabor da maré.
É por isso, meus amigos,
que a tempestade da Vida
me apanhou no alto mar.
E agora
queira ou não queira,
cara alegre e braço forte:
estou no meu posto a lutar!
Se for ao fundo acabou-se.
Estas coisas acontecem
aos vagabundos do mar.

Manuel da Fonseca