Wednesday, June 1, 2011

Geração egoísta a minha...

Faço parte de uma geração não à rasca, como esta mais jovem, mas egoista. Somos a geração per 25 de Abril, conseguimos muitos ganhos: educação, saúde, trabalho. Somos uma geração do baby-boom e por tal muito numerosa. Criámos o estado social, o emprego com segurança para nós e reformas boas para nós. Quando se perspectivou a falência do sistema (muito antes desta crise!), tudo continuou bem para nós: tinhamos algo do mais injusto que há: os direitos adquiridos! Pouco nos importou que os colegas fizessem contratos ou mesmo fossem integrados a recibos verdes, desde que nós nos mantivessemos funcionários públicos. E se os outros não vão ter reforma pouco nos importa, desde que nós a tenhamos! E por isto em vez de lutarmos por algo justo, não mal podemos fazemos as contas e pedimos as reformas antecipadas. Onde há justiça nisto tudo: contratos dispares, reformas dispares, sem relação alguma com o mérito. E estes jovens têm razão: ou têm uma boa cunha (vejo alguns a entrar assim no meu hospital), ou são excelentes (mas não estou a falar como nós eramos: a nós bastava-nos sermos acima da média, a eles têm de sobressaír entre todos), ou estão lixados: ganham realmente os 500 euros que bem vistas as coisas não seria mau se houvesse hipótese de progressão como no meu tempo...No meu tempo (como estou velha) não havia acesso a muitas das coisas de que esta geração disfruta, mas angustia-me o seu futuro (sobretudo porque me toca no meu egoísmo geracional: é que tenho um filho parte integrante desta geração à rasca!). A perspectiva de vida para esta geração é bem mais difícil do que a da minha geração foi.

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